O prefeito Abilio Brunini (PL) declarou que estuda antecipar o fim do decreto de calamidade financeira em Cuiabá, inicialmente previsto para encerrar em 1º de julho. No entanto, segundo ele, a decisão final será tomada com prudência, uma vez que o decreto tem sido uma ferramenta importante para renegociar contratos e dívidas herdadas da gestão anterior. Abilio pontuou que a atual gestão já pagou mais de R$ 250 milhões em dívidas acumuladas e renegociou diversos contratos considerados onerosos para os cofres públicos.
“Da minha parte, eu acredito que em um mês, um mês e pouco, a gente consegue acabar com o déficit financeiro. Contudo, eu tenho sido recomendado a prudência. Porque com o decreto de urgência, nos permite a renegociação de dívidas”, afirmou Brunini.
Um dos exemplos citados foi o contrato com uma empresa de eventos vinculada à Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, que teve 63% do valor cortado, gerando economia significativa.
Outro caso envolveu uma empresa terceirizada de médicos na Secretaria de Saúde, cujo contrato de R$ 19 milhões foi parcialmente substituído por contratações diretas, reduzindo os custos em 15%.
“Só em locação de veículos, eram 42 contratos e baixou para 18. Teve uma economia de R$ 7,8 milhões”, explicou o prefeito citando diversas áreas onde estariam fazendo um pente-fino.
Ao detalhar os cortes, Abílio destacou que a meta é economizar R$ 300 milhões até o final de 2025, valor que poderá ser redirecionado para áreas essenciais como saúde, educação e infraestrutura.
Veja alguns dos principais números apresentados pela prefeitura:
Redução de contratos terceirizados administrativos: de 76 para 44 → economia de R$ 32 milhões
Infraestrutura: de 24 para 17 contratos → economia de R$ 20 milhões
Tecnologia e suporte: de 52 para 21 contratos → economia de R$ 28 milhões
Telefonia, satélites e material de expediente: cortes somando mais de R$ 15 milhões
Locação de imóveis: de 50 para 32 → economia de R$ 3 milhões
Combustível: de 22 para 11 contratos → economia de R$ 3,36 milhões
Além disso, chamou atenção um contrato de R$ 480 mil para fornecimento de filtros de barro, que foi cancelado por não apresentar justificativa técnica plausível.
“[...] tinha um contrato de R$ 480 mil para fornecer filtro de barro para a prefeitura. Então, R$ 480 mil a menos. Nós não vamos fazer essa compra de filtro de barro”, afirmou o chefe do Executivo.
Apesar dos avanços, Abílio enfatizou que o decreto de calamidade ainda é necessário para facilitar negociações com credores mais resistentes. “Esse decreto de calamidade, ele nos permite a renegociação daqueles que são inflexíveis, aqueles que não querem, entrar num acordo com a prefeitura de parcelamento, de desconto, para poder a gente fazer o pagamento”, concluiu.
Entenda sobre o decreto de calamidade financeira
Logo ao assumir a Prefeitura de Cuiabá, no dia 4 de janeiro, o prefeito Abílio Brunini (PL) decretou situação de calamidade financeira no município. A decisão foi motivada por um déficit de mais de R$ 518 milhões e uma dívida acumulada que ultrapassa R$ 1,6 bilhão, herdada da gestão anterior, comandada por Emanuel Pinheiro (MDB) entre 2016 e 2024.
O decreto, publicado na Gazeta Municipal, expos ainda a crítica situação da folha de pagamento: em dezembro de 2024, havia apenas 6% dos recursos necessários para quitar os salários dos servidores, o equivalente a pouco mais de R$ 6 milhões diante de uma folha de R$ 102 milhões.
Além disso, Abílio destacou que a antiga gestão programou pagamentos de mais de R$ 10 milhões para o primeiro dia útil da nova administração, agravando ainda mais a crise financeira.
A calamidade financeira tem validade de 180 dias, podendo ser prorrogada.
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